segunda-feira, 19 de maio de 2008

Rascunhos.

Pela atual profusão de rascunhos que se acumulam e não se transformam em nada, resolvi escrever isto.

pintocubucetaalergialeiziuh4xstreetfighterlágrimaspretensãoanatomiahelicóptero
metáforaanarquialulatebasamizaderascunhomoçadecapitaçãomedoalegriasacanagem
qualquermerdacrucifixo.

Dizem que existe método, mas só o caos me foi apresentado. Em surtos de desconforto, iluminação ou qualquer outra coisa incomum - que pode muito bem ser corriqueira - surge algo além de uma névoa intangível e invisível. Pelo bem da acuidade intelectual referente ao assunto, faço uma correção; nos momentos incomuns/corriqueiros é possível extrair algo mais sólido dessa névoa sempre presente e emprestar um corpo de palavras à idéia, tornando-a visível e tangível.

Pelo bem da prolixidade, não apago a frase que julguei pouco precisa e ainda adiciono este parágrafo completamente desnecessário. Para os incautos, apressados, imbecis e ingênuos, devo informar que a prolixidade é subestimada. Ela é vista como um exagero ou um desespero incontido dos que não sabem se expressar, mas na verdade é um exercício de perfeccionismo verbal (seja o verbo escrito ou falado, mas principalmente escrito) praticado pelos mais humildes usuários da língua, aqueles que admitem não saber tudo o tempo inteiro. É na repetição que aparecem detalhes e sutilezas especialistas em escapar da percepção chamada talento. Um prêmio para os esforçados, pode-se dizer.

Talvez seja ousadia, daquelas ousadias bem bobas, mas afirmo que não haveria rascunho sem a prolixidade e que não há obra completa sem tentativa. Isto já ficou grande demais para algo que só tenta ser. Fim abrupto.

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